sexta-feira, julho 13, 2007

REQUIEM FOR A HEAD (continuação)

O avô descalçou as botas e cheirava a chulé. Que pivete.

Polly arrumava sempre as botas do avô e naquele dia felizmente que se esquecera.

Polly passeava por baixo da Cabeça embalsamada, embasbacada como quem olha para um Mona Lisa.

O avô berrou. Silêncio. Descalçou-se. As botas ficaram mesmo por baixo da Cabeça embalsamada exalando fedor até ao nariz. Adubo.

Polly dirigiu-se ao quarto e foi buscar as pantufas.
Para seu grande espanto até as pantufas tinham sido feitas do penteado da Cabeça embalsamada.

Olhava todos os dias para aquela Mona Lisa de cabelo em crescimento.
A Cabeça pregada na parede e os cabelos continuavam a crescer. Cada dia 1 cm.

A avó encarregava-se de podar as raízes de vez em quando utilizando mechas de cabelo para a sua peruca.

Isto intrigava muito Polly. A Cabeça transformara-se num vaso gigante criando a sua planta.

Dos cabelos de Jesus Cristo se teciam tapetes, tricotavam-se pantufas, remendavam-se perucas.

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