quarta-feira, julho 18, 2007

REQUIEM FOR A HEAD. Polly - Eu vi mas não agarrei.

Polly

Eu vi mas não agarrei. Ela rolava com tanta força por cima da minha própria cabeça!

Entrei num turbilhão doido enquanto fixava A Cabeça às voltas por cima da minha.

Só fazia isso quando não estava ninguém a ver. Doida! Para pensarem que estava varrida!

Rodopiava sobre mim até me fazer cair no chão.
Depois deixava pousar a nuca no meu coração. Doido. Dorido.

Arfava sobre mim e quando ao longe se ouviam passos de cão ou adulto levantava voo suavemente para não magoar.
Voltava a rodopiar rodopiar cada vez com mais pressa, depressa para ninguém ver. Para pensarem que estava varrida. Doida.

os rapazes

Os rapazes encontraram-me deitada.
"Embebida em cabelos do vaso da avó "
disseram eles na idade da estupidez.

Polly

E depois varreram-me e puseram-me doida.

Rátátá!


Rátátá!


“Rátátá” é um pequeno momento teatral construído a partir de exercícios e jogos dramáticos. Durante a sua preparação os alunos desenvolveram a escrita criativa, o conhecimento da voz, a aprendizagem de uma coreografia, tudo através de jogos, ou seja, brincando e improvisando em grupo.

Neste espaço teatral os pequenos actores aprendem a utilizar o corpo e todas as suas potencialidades, ferramentas muito importantes não só no teatro mas também na vida.
Foi isso que trabalhámos durante o ano explorando a criatividade de cada um e principalmente divertindo-nos uns com os outros.
Importa realçar que este trabalho foi sendo desenvolvido através da improvisação dos alunos com muita vontade e dedicação.
Jeannine Trévidic
Espectáculo "ASAS"

No mundo de antigamente era normal avistar-se no céu uma ou outra pessoa voando. A avó contava que algumas pessoas nasciam com asas como os pássaros. Eram diferentes, tinham o dom de poder voar e voar significa ser livre e poder sobrevoar o mundo com outros olhos.
A tarde estava quente e a avó dizia: “um dia passeava junto ao mar e encontrei um pássaro cinzento. Era tão bonito que acabei por lhe pedir que me trouxesse uma neta tão bonita como ele. Fiquei a vê-lo afastar-se batendo as asas”.
- “Traz-me uma neta tão bonita como tu.”
Nesse mesmo ano nasceu uma menina.

Sobre o teatro de Objectos:

No teatro de Objectos, o manipulador detém a dádiva de se poder apresentar como criador, a sua contribuição vai muito mais além da criação de uma personagem ou da animação de um objecto. A manipulação/transformação de objectos deve ser rebuscada e intensa, pois é o objecto que deve absorver toda a atenção do público.
Trabalhar com e sobre os objectos é saber em primeiro lugar que a realidade do objecto é aquela que lhe é dada em cena, pois só aí é que adquire sentido, vida. Quando um objecto é trazido para cena ganha outra dimensão, ganha valor poético, e atinge uma vontade comunicadora. Por outro lado, nunca se deixa de respeitar a natureza do objecto, o seu uso quotidiano. Trata-se de transformar o objecto em algo/alguém receptivo, interactivo, trabalhando a sua essência na ficção, ficção esta, que permite a elaboração de uma espécie de “guião cénico” no olhar de cada espectador.
No universo poético do teatro de objectos tudo é possível, o mais importante é nunca deixar de brincar.

“ASAS” é uma criação colectiva do Grupo de Teatro da Associação Cultural da Beira Interior.

Jeannine Trévidic

Todos os homens nas bolas de vidro cortadas ao meio


“ O Homem da Bola de Vidro Cortada ao Meio” a partir de um conto de Jacinto Lucas Pires.

Criar, inventar, brincar a partir de um texto escrito é uma das formas de tornar a leitura de uma criança mais apetecível. Em vez de uma leitura solitária fizemos uma leitura em grupo e sonhámos com todos os homens dentro de bolas de vidro com neve a cair.
Através de outra bola de vidro, a câmara de filmar, mostramos as nossas sensações e as nossas descobertas.

Há um dia em que todos saímos da bola de vidro e descobrimos o mundo.

Jeannine Trévidic

sexta-feira, julho 13, 2007

REQUIEM FOR A HEAD (continuação)

O avô descalçou as botas e cheirava a chulé. Que pivete.

Polly arrumava sempre as botas do avô e naquele dia felizmente que se esquecera.

Polly passeava por baixo da Cabeça embalsamada, embasbacada como quem olha para um Mona Lisa.

O avô berrou. Silêncio. Descalçou-se. As botas ficaram mesmo por baixo da Cabeça embalsamada exalando fedor até ao nariz. Adubo.

Polly dirigiu-se ao quarto e foi buscar as pantufas.
Para seu grande espanto até as pantufas tinham sido feitas do penteado da Cabeça embalsamada.

Olhava todos os dias para aquela Mona Lisa de cabelo em crescimento.
A Cabeça pregada na parede e os cabelos continuavam a crescer. Cada dia 1 cm.

A avó encarregava-se de podar as raízes de vez em quando utilizando mechas de cabelo para a sua peruca.

Isto intrigava muito Polly. A Cabeça transformara-se num vaso gigante criando a sua planta.

Dos cabelos de Jesus Cristo se teciam tapetes, tricotavam-se pantufas, remendavam-se perucas.

quinta-feira, julho 12, 2007

Personagens

Os meus pequenos actores criaram estas personagens na última aula. A partir daqui trabalham o corpo a voz e uma pequena acção.