P Pi Pin Ping Pinga Pingam suores
e dizem que os invejosos têm serpentes na boca.
Limpa chaminés tem sexo nas cinzas.
O seu sexo é cinzento. Queima.
Tenho brasas nos lábios e tenho comichão debaixo do braço.
Escorrem pingos de sangue que se estorricam ao lume.
Eu abano-o ao som da madeira a estalar mas ele nunca tem calor ele nunca se bronzeia.
Escorrem pingos de suor da minha veia artéria ahorta.
Ele tem uma escova para pentear os meus cabelos
a mesma com que esfrega os tijolos.
Ele tem umas mãos grossas de limpa chaminés
que fazem escaladas e trepam telhados por cima da minha cabeça.
Ele põe os óculos para observar o grau de sujidade da minha pele e eu ergo-me para lhe proporcionar alegria. Estico-me e rebento com o meu peito contra a sua lupa.
Milhões de odores cobrem o seu nariz de lume.
Eu liberto-me em gritos. Ele limpa-os. Escova-os muito direitinho.
O limpa chaminés existe. Tem de existir para sempre.
Eu gosto de limpar as suas unhas e em troca ele coça-me as costas. É bom assim. Ao lume.
Ele nunca se queima. Eu queimo. CONSUMO-ME. Auto combustão assumida.
É bom assim. Direitinho.
Chaminés estreitas de musgo a roçar o humido sabor das minhas pernas.
Chaminés gordas em forma de pénis.
O seu sexo é cinzento.
O seu odor é...
Ele acende as velas com um estalido.
Rio-me
porque é magia.
Eu não acredito em magia. E assim é bestial!
Trocas de lugar de olhos fechados e ao lume apagado tudo é possível.
Descemos escorregas de mão dada
e aterramos com fortes estrondos nas cinzas ainda quentes.
Ele não sente. Eu sinto tudo.
Ele tem ossos gelados da chaminé e eu sinto a corrente de ar passar-me pelo rosto.
Chama-me. Já vou.
Demoro mais tempo para o fazer esperar e depois acendo o lume.
Pequenas brasitas tremelicam enquanto cantamos canções de amor. A chaminé é apertada e é boa para certas intimidades.
Ele de fole. Atiça-me os mamilos que parecem glóbulos vermelhos em acção parecem rebuçados parecem chouriços a assar. Que cheiro a CARNE. Que cheiro.
Realizamos uma saída pela chaminé em direcção ao telhado ao céu a uma estrela.
Deixamos um rasto de fumo.
2 comentários:
passei por cá!
prometo passar mais vezes.
beijos grandes,
rogério
Gosto muito deste poema!!
Especialmente o "Pi Pin Ping Pinga Pingam suores", faz-me lembrar a cena da tisana...loool.
Beizzos,
LN
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