quarta-feira, agosto 02, 2006

Projéctil

Não tenho cabelos de capacete para impedir as vossas balas
Ou os bombardeamentos da alma
Ou os atentados internos ao coração do mundo

Não tenho o sangue frio
Das cobras
Dos ensinados a matar

Não fui preparada para chafurdar nas vossas ideologias radicais extremistas
Não sei sequer pegar numa arma
Não sei fazer de enfermeira
Não sei dar gritos de dor
Nunca vi ferimentos de bala
Não sei quanto pesa uma arma
Não sei ficar sem família
Não sei quanto pesa o remorso de um mundo em batalha
Não sei que número seria a minha bota
Não sei
Não sei
Não vi
Não entendi nunca
Não estou preparada para a guerra. Para uma guerra. Para esta guerra.
Não tenho nenhuma recordação disso no ventre da minha mãe.

1 comentário:

tuBo em cima disse...

sempre fantástica
palavras que nos deixam sem palavras... ou quase :-);-)
ML