Foto: Jtrevidic
Respira levemente para arrepiar
Desce
Como um lenço macio de seda
Dos pés da cama ao chão
Rebola
Como uma foca no tapete de areia
Levanta-se olhando os dedos pequeninos dos pés
Morde para sentir prazer
Puxa o cortinado para deixar entrar luz
Acaba partindo a janela e cortando a face num caco
Soltou-se
E disseram em coro
Que tinha voado como Ícaro
Mas sem asas
Só depois encontraram um sentido
Porque ia com um sorriso
E descalça
Sentido na foca sentido no lenço de seda sentido no prazer
Sentido nos cacos de vidro
Sentido na face
Nos pés
E sentido no facto de não ter asas
De não ser Ícaro
De não ser Santa
No dia do enterro
Não ajudou nada
Esse facto
De não ser quem devia
O facto
De afinal ninguém saber quem era
Surpresa bonita
Mas agora morta
E ela ia linda
E continuava de seda
Ao ritmo da passada
Sobrevoava sem asas
Nos ombros dos homens
Linda
Sem nome e sem alas
Sem sapatos
O reflexo do sol nos cacos
Na janela na face
Nos ombros dos homens.
Uma folha do meu tronco espasmódico espasma espasmodia até aos meus cabelos. São as chamadas convulsões periódicas da minha alma. Acontece. Da minha língua saem arroubos roubos da integridade estável que devemos ser (aos olhos dos outros). Ansiedades malaicas. Totalidade, soma de espasmos em catadupa. Palpitantes histerias até ao céu.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
quarta-feira, janeiro 25, 2006
A inveja
fotos:jtrevidic
Serpente linguaruda escorregadia que se enfia por baixo das saias de uma menina de chupa-chupa.
Numa tarde de calor a menina derrete melosa em volta de uma árvore. Os frutos estão endurecidos como os seus seios. Pingam gotas de cuspo da serpente que queria ser Eva. O tronco é alto e forte e a menina transpira resina e chupa o chupa-chupa. Há qualquer coisa a picar-lhe os pés que julga serem formigas atraídas pelo odor açucarado do lollypop dos frutos das resinas corporais.
A escorregadia linguaruda serpente não quer os frutos resinosos quer aquele objecto estranho comestível mais apetecível à menina que continua a chupar. As saias levantavam com o vento por isso tornou-se fácil enroscar-se nas pernas morninhas da menina que chupa.
A menina não estava adormecida mas era difícil estar sozinha e tão confortável e não pensar em Adão. Por isso quando foi picada pela inveja não ligou. Continuou a chupar e sentiu um espasmo alegre e deu risinhos contentes passando a língua pelo doce.
Numa tarde de calor a menina derrete melosa em volta de uma árvore. Os frutos estão endurecidos como os seus seios. Pingam gotas de cuspo da serpente que queria ser Eva. O tronco é alto e forte e a menina transpira resina e chupa o chupa-chupa. Há qualquer coisa a picar-lhe os pés que julga serem formigas atraídas pelo odor açucarado do lollypop dos frutos das resinas corporais.
A escorregadia linguaruda serpente não quer os frutos resinosos quer aquele objecto estranho comestível mais apetecível à menina que continua a chupar. As saias levantavam com o vento por isso tornou-se fácil enroscar-se nas pernas morninhas da menina que chupa.
A menina não estava adormecida mas era difícil estar sozinha e tão confortável e não pensar em Adão. Por isso quando foi picada pela inveja não ligou. Continuou a chupar e sentiu um espasmo alegre e deu risinhos contentes passando a língua pelo doce.
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